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História da Maçonaria Geral

Um Passeio pela História da Maçonaria Tupiniquim no Paraguai

A Maçonaria é conhecida por muitos como uma instituição Universal, mas, na prática, não é tão simples assim. Cada país tem uma ou mais Obediências a nível nacional ou até mesmo a nível estadual e essa universalidade depende de tratados de mútuo reconhecimento e amizade. Em alguns casos seja por falta de uma maçonaria local, seja por não reconhecer alguma potencia já existente ou qualquer outro motivo, alguns países mantém lojas sob sua jurisdição em outros países, como é o caso de algumas lojas Inglesas aqui no Brasil. Esse era o caso da Loja Fé, brasileiríssima em sua essência, mas em solo paraguaio.

É de conhecimento popular que houve uma grande guerra no Paraguai (1864-1870) após um impasse diplomático entre este país e as nações que mais tarde formariam a tríplice aliança (Brasil, Argentina e Uruguai). Em 1869, pouco antes do término da guerra, o contingente de soldados brasileiros em solo paraguaio era bem grande, afinal a tríplice aliança já ocupava o local, e eis que no mesmo ano surgi a Loja Maçônica Fé, sob os auspícios do GOB do qual nosso Irmão e historiador Frederico Guilherme Costa em uma nota de seu Livro “Questões Controvertidas da Arte Real Vol.5” nos esclarece que se tratava de uma loja de oficiais do Exército Brasileiro.

Imagem do site do Supremo Consejo Grado 33° Del Rito Escoces Antiguo y Aceptado, referente ao Templo Histórico de la calle Palma.

Considerada a primeira Loja regular no Paraguai, a Loja Fé conseguiu destaque em duas ocasiões louváveis e distintas. O seu primeiro ato que merece nosso destaque e está registrado até na história da “Centenaria Gran Logia Simbólica del Paraguay” foi a criação de um Asilo Fé que atendeu cerca de 2000 pessoas prejudicadas pela guerra ainda no ano de 1869. A segunda ação louvável foi a cobrança feita em 1870 ao Irmão Paranhos, então Visconde de Rio Branco e Grão Mestre do Grande Oriente do Brasil, em sessão magna em sua homenagem em relação abolição da escravidão no Brasil. O site “Três Janelas”(2010) em matéria sobre a Loja Fé diz que a mesma passou a ser capitular em 1876 e que neste mesmo anos, e com a desocupação das forças aliadas, a loja acabou deixando de existir.

Ainda no Paraguai entre os anos de 1869 e 1871¹ surge “Del Supremo Consejo Del Grado 33° Del Rito Escocés Antiguo y Aceptado de La Masoneria Paraguaya” e como seu Soberano Grande Comendador o Irmão João Adriam Chaves², chefe do corpo médico da Marinha Brasileira no Paraguai e ninguém mais, ninguém menos como seu Lugar Tenente o Irmão Hermes Ernesto da Fonseca, Coronel do Exercito Brasileiro.

É importante ressaltar que hoje mantemos relações amistosas com nossos “Hermanos” paraguaios e um fluxo intenso de intervisitação na região do estado do Paraná no lado Brasileiro e na cidade Do leste no lado Paraguaio. Inclusive o site do Supremo Conclave do Brasil (2016) nos informa que em 29 de agosto de 2015 a Loja Maçônica Yvymarã’y Nº175 no Oriente da cidade do Leste e federada a Grande Loja simbólica do Paraguai, realizou a sua primeira sessão Magna de Iniciação que também é a primeira de uma Loja do Rito Brasileiro fora do Território Tupiniquim.

Após satisfatória pesquisa chegamos à conclusão de que a Maçonaria Brasileira exerceu certa influencia sobre estruturação da Augusta fraternidade em solo paraguaio e também na reconstrução do País. No final das contas, independente do país em que se esteja o melhor é estar em União com os Irmãos.

Notas

1.Segundo o site do próprio “Del Supremo Consejo Del Grado 33° Del Rito Escocés Antiguo y Aceptado de La Masoneria Paraguaya” o mesmo foi estabelecido em 1 de junho de 1871. Já no site “Três Janelas” diz que foi em 1870, mas não precisa dia e mês. No Site da Gran Logia Simbólica del Paraguay apresenta a data de 25 de junho de 1869, mas é importante ressaltar que que esta homepage apresenta uma variação no nome do supremo que é “del Muy Pod:. Sup:. Cons:. Gr:. 33 del Rito Escocés Antiguo y Aceptado en el Gran Valle del Paraguay”, com isso não tenho certeza se é um supremo diferente ou uma denominação diferente para o mesmo corpo.

2. O Site “Três Janelas” escreve o nome do Soberano Grande comendador como “João Adriam Chaves”, já o site do “Del Supremo Consejo Del Grado 33° Del Rito Escocés Antiguo y Aceptado de La Masoneria Paraguaya” escreve o nome do Soberano como “Juan Adrián Chaves”, do qual eu não sei se tratar de uma tradução de um nome português para o espanhol ou vice-versa.

Bibliografia

Imagem de capa – Retirada do site da Gran Logia Simbólica Del Paraguay referente a Loja Fé.

Leia mais: https://maconaria-tupiniquim.webnode.com/news/um-passeio-pela-historia-da-maconaria-tupiniquim-no-paraguai/

Autor: Cloves Gregorio
Revisado por: Aylton Cordeiro Neto

Por Cloves Gregorio

Cloves Gregorio, 35 anos, casado com a senhora Gislene Augusta, Pai do Menino Átila, Historiador e Professor, Venerável Mestre de Honra (Past) da ARLS UNIÃO BARÃO DO PILAR Nº21 Jurisdicionada ao GORJ, Filiada a COMAB. Na Obediência já exerceu os cargos de Grande Secretário Adjunto de Cultura e Ritualística e Grande Secretário Adjunto de Comunicação e Informática.

2 respostas em “Um Passeio pela História da Maçonaria Tupiniquim no Paraguai”

Ola.
Qual a fonte em que tirou a informação de que, finda a Guerra do Paraguai, a maçonaria instaurou uma loja la?

Abraço.

Olá Samuel,

Todos os textos do Maçonaria Tupiniquim possuem referências. Vale salientar que a criação da Loja Fé não foi no término e sim um pouco antes do fim da guerra, no caso em 1869. Muitos pesquisadores de renome já abordaram o assunto, e confirmaram tal informação, como é o caso do Irmão Frederico Guilherme Costa no livro “Questões controvertidas da Arte Real Vol. 5”. Ainda informamos que esses dados estão contidos também nos boletins oficiais do Grande Oriente do Brasil à época.

Atenciosamente,

Cloves Gregorio

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